As
pessoas não se gostam, amam-se, talvez já tenham ouvido dizer. A ridícula
verdade é que não mais as pessoas se amam. Que aconteceu ao romance? Será uma
simples dificuldade de adaptação aos novos tempos, uma insistência em
permanecer para trás na história? Ou estará o romance a desaparecer, o amor a
ser mais e mais menosprezado, ao ponto da quase inexistência?
São
talvez delírios de uma mente fatigada, provocada pelas tardias horas da madrugada.
Pequenas divagações filosóficas, questões sem sentido. Que interesse tem,
agora, oferecer uma rosa e umas palavras bonitas? Desapareceu o cavalheirismo,
acabaram-se os encontros embaraçados, nervosos com o primeiro amor. Que
significa, agora, um beijo, quando a intimidade quase se oferece sem valor?
Levar a rapariga a um restaurante, cortejá-la, oferecer-lhe segurança e
honestidade. Mais divertido, então, meia hora de ruído, fumo e álcool, numa rua
escura, no meio de mais embriagados jovens. Embriagados com a vida, talvez,
inconsequências e despreocupações.
Mas
talvez seja isso. Talvez os jovens não suportem esta própria vivência
desconsolada e embotem os sentidos com o intuito de o esquecer, noite após
noite. Morte ao carinho, massacre-se o respeito, ignore-se a lealdade. Os
afectos tornam-se sinónimo de fraqueza. Os actos de amor desinteressado algo
raro e incompreendido, difícil de explicar perante a sociedade desta nossa
época. Haverá alguém mais que sofra com esta perda? Alguém que se conforme com a
vida, e deprima em silêncio, silêncio ante o assassínio do romance? Alguém mais
se perde em devaneios, na quietude da noite, e chora pelo que nos tornamos?
“… Ele pega na mão dela… sabes
Cinderela… Eu gosto de ti…”!
André Vaz
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