9 de fevereiro de 2013


“Eles são duas crianças, a viver esperanças, a saber sorrir…”
                As pessoas não se gostam, amam-se, talvez já tenham ouvido dizer. A ridícula verdade é que não mais as pessoas se amam. Que aconteceu ao romance? Será uma simples dificuldade de adaptação aos novos tempos, uma insistência em permanecer para trás na história? Ou estará o romance a desaparecer, o amor a ser mais e mais menosprezado, ao ponto da quase inexistência?
                São talvez delírios de uma mente fatigada, provocada pelas tardias horas da madrugada. Pequenas divagações filosóficas, questões sem sentido. Que interesse tem, agora, oferecer uma rosa e umas palavras bonitas? Desapareceu o cavalheirismo, acabaram-se os encontros embaraçados, nervosos com o primeiro amor. Que significa, agora, um beijo, quando a intimidade quase se oferece sem valor? Levar a rapariga a um restaurante, cortejá-la, oferecer-lhe segurança e honestidade. Mais divertido, então, meia hora de ruído, fumo e álcool, numa rua escura, no meio de mais embriagados jovens. Embriagados com a vida, talvez, inconsequências e despreocupações.
                Mas talvez seja isso. Talvez os jovens não suportem esta própria vivência desconsolada e embotem os sentidos com o intuito de o esquecer, noite após noite. Morte ao carinho, massacre-se o respeito, ignore-se a lealdade. Os afectos tornam-se sinónimo de fraqueza. Os actos de amor desinteressado algo raro e incompreendido, difícil de explicar perante a sociedade desta nossa época. Haverá alguém mais que sofra com esta perda? Alguém que se conforme com a vida, e deprima em silêncio, silêncio ante o assassínio do romance? Alguém mais se perde em devaneios, na quietude da noite, e chora pelo que nos tornamos?

“… Ele pega na mão dela… sabes Cinderela… Eu gosto de ti…”!

Que aconteceu ao romance?

André Vaz

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