4 de julho de 2014

Entrevista: Backwater and The Screaming Fantasy!





Backwater and the Screaming Fantasy, podia ser muita coisa (um espetáculo de magia, um livro de ficção científica ou até mesmo um filme de há uns anos atrás), mas é, nada mais, nada menos do que o nome de uma das jovens revelações de bom ritmo, que vieram para animar Leiria, e não só! Na sua bagagem trazem já atuações em diversos locais por esse Portugal fora. Eles que já atuaram nas alturas do pórtico de entrada do Optimus Alive e que, mais rentinho ao chão, ganharam a 2ª Edição do ZUS! (Zone Under Sounds).
São eles: Roberto Oliveira (guitarra), Vasco Silva (bateria), Débora Umbelino (voz e guitarra), Miguel Nunes (baixo) e João Caetano (teclas), começaram em 2011 como uma banda essencialmente de covers mas já trataram de assinar uns quantos temas, que não deixam ninguém indiferente e foram mesmo recentemente classificados como um Novo Talento 2014 pela Fnac, integrando o álbum de nome similar.
Esperam agora continuar no bom caminho, porque a música pelos vistos até é uma coisa gira, mas antes, ainda com os pés um pouco no ar, sem saberem muito bem qual é o próximo passo, conseguiram arranjar um tempinho para se meterem “Na Boca do Lobo” e ter connosco uma animada conversa. Leiam já a seguir a entrevista e não deixem de dar uma espreitadela num concerto ou de simplesmente parar um pouco para os ouvir.


Filipa Fonseca

NBL - Como é que se constrói e mantém uma banda?

Roberto - Antes de mais, com dedicação!
Débora - Trabalho de equipa...
Roberto - E acima de tudo paciência!
Débora - Muita paciência! 

NBL - Sabemos que consideram difícil definir o vosso estilo. Porquê essa indecisão? Será que o vosso estilo ainda está por definir ou é simplesmente demasiado abrangente?

Roberto - Eu acho que nós ainda não encontrámos a 100% o nosso estilo.
Débora - Cada um tem as suas influências, depois juntamo-nos e cada um dá uma ideia. Não é algo definido, como Rock ou Indie

NBL - Mas passa um bocado por isso?

Débora - É uma cena mais alternativa...

NBL - Querem mencionar algumas influências?

Roberto - Linda Martini... Há pessoal que diz que nós somos Post-Rock, apesar de eu não concordar.
Débora - Não tem nada a ver. Só que como temos temas instrumentais, as pessoas associam logo ao Post-Rock. Mas temos alguns instrumentais como temos também temas cantados... Acho que acaba por não abrangir muito esse género.

NBL - Sendo vocês uma banda que começou entre amigos de secundário, como conseguiram divulgar o vosso trabalho? Acham que a Internet teve algum papel nesse sentido?

Débora - Ajuda!
Roberto - Nós começámos como  uma banda de covers, os The Rumbles. Era só eu, o Vasco e a Débora. Depois, a partir daí começámos a procurar novo pessoal. E penso que as redes sociais divulgam muito as bandas hoje em dia. Já ninguém compra CD's...
Débora - É tudo por download e pela net
Roberto - Se gostam, gostam. Se não gostam, tiram e vão procurar outras bandas. Hoje em dia é assim. Por um lado tem vantagens, mas por outro também tem desvantagens.
Débora - Não compram CD's!
Roberto - E se não houvesse net, se calhar não éramos tão conhecidos...
Débora - O facebook é logo meio caminho andado para divulgar uma banda nova.

NBL - Tanto, que foi através dessa divulgação que chegaram a actuar no pórtico do Optimus Alive. Como é que foi essa experiência? Sentiram-se verdadeiramente vivos?

Débora - A mim, pelo menos, deu-me grande adrenalina! Tocar lá em cima... As pessoas a passar por baixo! Algumas paravam para ver, outras era como se nada se passasse...
Roberto - Em relação a mim, eu estava à espera de mais... Mesmo em termos de divulgação da banda, o Optimus não nos ajudou em nada e a nível de organização o pessoal não era muito...
Débora - Era um bocado "deixa andar".

NBL - Sentiram um certo desapoio da parte deles?

Roberto - Se compararmos com o ZUS!, sim... O ZUS! ajudou-nos e vai ajudar-nos muito mais do que o Otimus Alive. Mas fomos lá tocar, isso é que interessa.
Débora - Tocar no pórtico do Optimus Alive já foi uma experiência! Foi nice!

NBL - O que é que vocês sentem quando compõem? Qual é o sentido da vossa música?

Roberto - É uma mistura de sentimentos. É raiva, quando não conseguimos fazer nada, e depois é orgulho. Nós a compor, demoramos sempre muito tempo. As coisas têm que sair naturalmente.
Débora - Não podemos ser aquela banda que faz uma música para apresentar no outro dia.

NBL - Vão fazendo como vai saindo (?)...

Débora - Exacto.
Roberto - Não conseguimos fazer de outra forma. A pressão não é conosco.

NBL - Os nomes de 3 metros estão na moda: First Breath After Coma, Backwater and the Screaming Fantasy, Holy Northern Lights, falando de bandas de Leiria. De onde vem o vosso?

Roberto - Isso fomos nós, um dia com o Vasco, o nosso baterista: Nós estávamos num motor de busca qualquer, em que escreviamos uma palavra e a partir dessa palavra, aquilo dava uma frase.
Débora - Era tipo Band Name Generator, ou algo do género...
Roberto - E nós escrevemos Backwater, foi o que nos veio à cabeça, e aquilo deu uma frase brutal.

NBL - Backwater and the Screaming Fantasy?

Débora - Não, primeiro apareceu Backwater Much and The Screaming Fantasy.
Roberto - Depois tirámos o Much e pensámos que até soava bem.  E acaba por se relacionar com o estilo que nós temos.

NBL - Já tivemos conosco os vencedores da primeira edição do ZUS! , vocês são a geração seguinte. Como foi ganhar esta última edição?

Roberto - Para nós foi uma grande satisfação, porque foi, basicamente fruto do trabalho que tivémos há um ano atrás.
Débora - Como The Rumbles, ainda.
Roberto - Sentimo-nos bem, com moral para compor e com novos objectivos.
Débora - E ficamos contentes por saber que gostam do nosso trabalho e que nos apoiam.

NBL - Têm algum projecto derivado dessa vitória? Alguma coisa em parceria com a FADE IN?

Roberto - Temos alguns contactos...
Débora - Alguns concertos na Fnac. E vamos gravar temas com a Omnichord.

NBL - Hoje vocês partilham uma vida em comum. Como se juntaram todos? 

Débora - Eu e o Roberto conheciamo-nos de vista. Tinhamos amigos em comum... Depois ele chamou-me para a banda. 
Roberto - Depois o Vasco foi tipo "passa a palavra". Este conhecia aquele e acabámos por conhecer o Vasco. O Miguel era amigo do Vasco... E o Caetano apareceu agora.
Débora - O Caetano foi uma bomba que caiu na sala de ensaio!
Roberto - O Caetano foi uma pessoa que entrou há pouco tempo, mas desde que entrou conseguiu fazer com que nos aproximassemos mais. Antigamente, quando éramos os The Rumbles éramos um bocado afastados uns dos outros.
Débora - Era como se houvesse uma barreira. Agora é mais uma família.

NBL - Acham que o Caetano é uma espécie de elemento de ligação entre vocês?

Roberto - Sim, também porque é meio maluco da cabeça.
Débora - Sim, com as brincadeiras dele.
Roberto - E paga minis! 

NBL - Passando à última pergunta - O rio Liz tem lixo, mas também tem talento, que se tem feito notar nos últimos tempos. Acham que têm que lhe agradecer o vosso?

Débora -  Eu acho que Leiria evoluiu imenso em relação à cultura musical, e não só, à cultura em geral, Leiria tem evoluído bastante nos últimos anos.
Roberto - As pessoas vêm que há novas bandas a surgir e pensam "também quero formar uma banda!" Daí esta nova onda de bandas em que nos inserimos.

Talento em Leiria!


E foi isto, chegámos ao fim de mais um exaustivo ano (pelo menos até serem afixadas as medonhas pautas dos resultados, aí logo falamos), fartos de estar fechados dentro de quatro paredes (ou no nosso caso três paredes e um vidro) e de não podermos desfrutar do calor que se tem feito sentir, está agora na altura de aproveitar as férias. Sol, praia, festas e festivais, com amigos ou com a família o que não pode faltar é música, e numa altura em que o futebol não nos deixou ficar tão bem como queríamos, temos é de começar a valorizar o que de bom se faz tão pertinho de nós e olhem que não é pouca coisa! Bons exemplos disso são os “mais recentemente lançados era impossível” discos Leiria Calling, um CD com treze faixas de bandas da nossa cidade, e o Novos Talentos Fnac 2014, que também contemplam alguns cheirinhos leirienses. Por isso, não percas tempo e compra já a BLITZ deste mês, que traz de oferta a prova exímia do talento leiriense, ou a prova exímia de todo um novo talento nacional e vai por aí, feliz que nem um rouxinol, aproveitar o verão. Até daqui a uns mesitos!