No outro dia fui assistir, por estar
aborrecido, a uma aula que não a minha. Foi-me dito, até, pela professora, que
nessa aula iriam apenas preencher uns questionários (e receber/corrigir os
testes escritos). Mesmo assim, quis ir, tal como tenciono começar a fazer,
semana após semana.
As pessoas surpreendem-se. Como é que
eu posso querer ir assistir a uma aula, quando estas são um completo
aborrecimento? Tudo o que querem é ir embora o mais cedo possível, e darem por
terminado o seu dia (em termos de aulas, pelo menos). Pensando bem no assunto,
como é que eu não quereria?
Anseio por conhecer. Não será essa a
força motriz do Homem, que, com a sua ambição, sempre procura mais e mais, na
tentativa de satisfazer as suas necessidades? Os jovens de hoje parecem não
gostar de aprender. Manter-se na ignorância, obscurecidos, sem dúvida, pelas
promessas do presente. Parecem não parar, sempre a mexer, como se um fogo lhes
consumisse a alma a todo o momento. Não têm tempo para abrandar e olhar.
Absorver o que as rodeia, desfrutar das pequenas coisas. Não anseiam por saber,
por ter consciência das coisas. Só vêem o que esperam ver, só procuram saber o
que lhes mais convém.
Vou assistir a uma aula de Direito, não
por ter qualquer intenção de me dedicar a essa disciplina, mas por gostar de
saber as coisas. Não com o intuito de, mais tarde, usar esse conhecimento para
meu proveito, mas para estar um pouco mais consciente de como o mundo é. Todas
as suas partes. Por esse motivo gosto de assistir a aulas. Saber que estou lá
por opção, saber que não tenho obrigação de aprender, mas fazê-lo por vontade
minha.
E então pergunto-me. Que seria, se mais
gente fosse assim? Se essa vontade de saber, de estar consciente do que nos
rodeia, fosse partilhada por muitas mais pessoas… Se os jovens de hoje parassem
por um momento, e se limitassem a observar. A apreciar os pormenores do que nos
rodeia, a desfrutar de pequenos prazeres, livres de superfluidade e hipocrisia,
de máscaras e escusadas preocupações. E compreendessem…
"Uma vez que não
podemos ser universais e saber tudo quanto se pode saber acerca de tudo, é
preciso saber-se um pouco de tudo, pois é muito melhor saber-se alguma coisa de
tudo do que saber-se tudo apenas de uma coisa." – Blaise Pascal
André Vaz
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