19 de abril de 2014

Um Fiat 127 também anda



“Já viste bem o carrão daquele miúdo do 12ºP? Vive-se bem!” 
“Ai, a Rita tem uma mala de 300€… Ainda dizem que há crise..”


 A posse de determinados produtos é diretamente proporcional ao nosso estatuto social. Ou seja, quantos mais produtos tivermos ou quanto mais caros forem, maior é a nossa posição na sociedade. É a mais básica aritmética e sempre foi assim: “+ produtos caros = + estatuto social”. Mas não se deixem enganar, esta regra, como todas as outras, tem sempre a sua exceção. Quantas vezes não vemos alguém a passar, vestido com marcas da cabeça aos pés e pensamos: “Afinal a crise não toca a todos”. Mas toca. A verdade é que toca. A uns mais, a outros menos, mas chega a todos,acreditem em mim. Não, nem todas as pessoas que vestem Ralph Lauren, usam calças Levis, calçam sapatinho da Timberland ou possuem o último grito em Iphones, são necessariamente pessoas que “escaparam à crise”. Vá, não é novidade para ninguém, bem sei. Mas cada vez mais, este “fenómeno” ocorre na nossa sociedade, com a agravante de ninguém querer falar sobre isso. Talvez por todos nós fazermos um pouco isso: passar uma mensagem de nós próprios, que nem sempre corresponde à realidade.
    Foco-me naquelas pessoas que fazem de tudo para passar a ideia de que comem caviar ao pequeno-almoço e filé-mignon à ceia, “só porque podem” e em que tudo nelas grita “€€€€€”. Não haveria nada de errado nisso, se de facto essas pessoas tivessem possibilidades monetárias para tal, no entanto, isso nem sempre se verifica. Estou a referir-me aos míticos que esbanjam montes de massa, cheta, guita, papel (chamem-lhe o que quiserem) em coisas supérfluas, mas que depois mal têm dinheiro para comer. Poderia estar a dar ênfase à questão, na tentativa de tornar o meu discurso mais expressivo ou chocante, mas não, não estou, de todo, a exagerar.Sim, sim, já todos vimos o teu novo 5S! O que te “esqueces” de referir é que para o teres, os teus pais tiveram de cortar na lista do supermercado...Todos queremos ascender socialmente, é verdade (e tristes são aqueles que não o ambicionam), contudo, será que há a necessidade de, para tal, termos de recorrer a esquemas manhosos que consistem em esbanjar balúrdios em roupas de marca e telefones, cujo preço dava para comprar uma casa de 2 assoalhadas e 16 ovelhas, no tempo dos nossos avós? Não, eu penso que não.Esta questão não é atual, já vem de há vários anos atrás, mas cada vez mais é percetível, principalmente em tempos de recessão. Atenção, não há mal nenhum em ter e ostentar grandes posses, desde que, por detrás,não estejamos a recorrer ao Banco Alimentar.

Apelo então, para que nos deixemos destas mariquices das aparências. Não nos podemos dar ao luxo de conduzir um BMW série 7? Não o façamos. Conduzamos um Fiat 127, que também anda!

Patrícia Mota Viana, 12ºL







Patrícia Mota Viana, 12ºL

1 comentário:

  1. "Atenção, não há mal nenhum em ter e ostentar grandes posses, desde que, por detrás,não estejamos a recorrer ao Banco Alimentar." - não diria melhor ahahahahahahahhahah(...)ahahahahah

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