Hoje venho falar-vos da
excelente renovação que a nossa estimada escola sofreu. (e sim, é uma escola e
não um hospital, ao contrário do que à primeira vista possa parecer)
Começo então por felicitar a empresa
Parque Escolar (responsável pela remodelação das instalações existentes), pelo
trabalho notável que desempenhou ao gastar uns bons milhões em obras na nossa
escola sem se notar. De louvar, mesmo!
Comecemos então pelas salas de
aula.
As janelas, cada vez que abrem
(para dentro (?)), parece que se está na guerra do Ultramar, só se houve de
fundo uma voz que exclama “Baixem as cabeças!”, e rapidamente uma série de
cabeças se baixa. Isso, ou corre-se o risco de levar com uma janela de tamanho
considerável em cima.
É importante salientar que a
Parque Escolar decidiu enveredar por uma arquitetura tão inovadora, que retirou
todos os estores e os trocou por cortinas. Que colocou do lado de fora. (Genial,
eu sei!) Cortinas essas, comandadas por botões que para a maioria dos
professores, mais parecem painéis de controlo de um avião.
Passando para o ar
condicionado. Provavelmente, muitos de vós, alunos, se devem estar questionar
“Qual ar condicionado?!” Exato.
Reza a lenda que foi instalado
na escola um sistema de ar condicionado da mais alta qualidade, mas pronto, a
lenda também dizia que D. Sebastião regressaria num dia de nevoeiro e o que é
certo é que esse também nunca mais foi visto.
Falemos agora das portas das
salas de aula. Não há grande coisa a dizer sobre isto, a não ser que estas só
têm duas funções: abrir e fechar e nem isso a Parque Escolar foi capaz de
assegurar. Para as fechar é preciso ser-se o Hulk (o verde, e não o do FCP) e
para as abrir não é preciso nada, elas abrem-se sozinhas, dando asas à
imaginação dos alunos que muitas vezes dizem ser espíritos de antigos alunos
que voltam para se vingarem de alguns professores. Perfeitamente legítimo.
Já para não falar das portas
laterais dos corredores, que devido a “regras da Direção”, não podem estar
abertas de manhã. Os motivos para tal são desconhecidos e eu não sou de
intrigas, mas muitos acreditam que é só para os alunos levarem falta de atraso,
uma vez que a entrada por essas portas lhes permitiria não ter de fazer mais 5
minutos de caminho até à sala de aula. Vá-se lá perceber.
Outra questão: fala-se tanto
em sermos amigos do ambiente e “Ah e tal, somos uma Eco-Escola” mas depois
gastam metade da Floresta Amazónica só em cacifos.
A esta lista, juntam-se ainda
os vidros que substituíram parte daquilo que antigamente eram as paredes das
salas, viradas para o corredor. Esta renovação é espetacular, uma vez que
permite aos alunos dentro da sala, ver quem passa do outro lado, no corredor e
a quem passa do outro lado, ver os alunos, lá dentro. Chega mesmo a dar a
sensação de que se está dentro de um aquário, mas tal como no Oceanário, só é
divertido para quem está do lado de fora…
Passando agora para as casas
de banho (e ignorando o facto de os cortes orçamentais muitas vezes não
permitirem a existência de papel ou de sabonete); digamos que as lâmpadas
piscam o suficiente para causar um ataque a um epiléptico ou deixar algumas
pessoas a pensar que entraram no Anubis. Mas pronto, ao menos esforçaram-se por
colocar diversos secadores de mãos! Pena que só dois funcionem…
E como não podia faltar, abordemos
agora a famosa questão do pavilhão desportivo. De facto, mais uma salva de
palmas para as brilhantes mentes que decidiram retirar a parede que separava o
pavilhão, da rua, e trocá-la por uma rede. Em dias de chuva há duas opções: ou
não há aula, ou se dá uma nova modalidade que consiste em ver quem é o último a
escorregar numa poça e a partir um braço. Em dias de calor só há uma opção:
fazer aula e rezar para não se desfalecer.
A esta lista se juntam muitas
outras particularidades da renovação da nossa escola, como a falta de chaves
nos cacifos dos balneários, os tubos à mostra, as paredes novas rachadas, as
infiltrações de água e as câmaras de videovigilância só para enfeitar…
Tudo isto será, certamente, um
novo estilo de arquitetura, que combina o minimalismo com a falta de jeito.
Patrícia Mota Viana
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