
Hoje
é segunda, odeio segundas. Mais uma semana à porta. Saio de casa à pressa, não
posso perder o autocarro outra vez. Chego à paragem (na realidade apenas um
sinal), numa rua deserta no meio de nenhures. Está frio, chove e o guarda-chuva
não me impede de me molhar. O autocarro nunca chega a horas, sempre demasiado
cedo ou demasiado tarde. Assim são os autocarros urbanos nas pequenas cidades,
ou entendidas como não tão grandes. Impossível de saber exatamente a
periocidade dos seus horários e isto sem referir deslocações ao fim-de-semana,
completamente infernais. Cada vez mais me convenço que a bicicleta é dos
veículos mais úteis, já para não referir o menos dispendioso.
Já
são 8:18, "vou ter falta", penso para mim mesma. Ao longe vislumbro o
autocarro e dou um suspiro de alívio, "Menos mal..." Saio no cimo da
Marquês, ainda tenho de me sujeitar a 500 metros de chuva até à escola e já são
8:25. Em frente à Câmara Municipal é o caos, hora de trânsito, toda a gente
quer chegar depressa ao destino mas praticamente ninguém se move, para ajudar
ainda mais os semáforos estão intermitentes em pleno cruzamento. Boa hora para
a expressão "Tudo ao molho e fé em Deus".
Entro
na escola a um passo apressado, passo pelo cacifo, recolho o meu material e
chego à sala mesmo em cima do toque, "Desta já me safei". Ouço a
professora e ao mesmo tempo observo o tempo lá fora, hipnotizada pelos pequenos
pormenores de tudo. E assim se passam 50 minutos, mudo de sala, de disciplina,
o principio mantem-se o mesmo. E assim se passa uma manhã. Pego nos meus livros
e passo a hora de almoço na biblioteca. Vou recuperando a matéria que perdi nos
meus devaneios, enquanto me deixo levar pela música do rádio. Tenho fome e o
intervalo está a acabar. Desço as escadas em direção ao refeitório a desejar
uma refeição agradável. Nunca achei as cantinas um local agradável,
considero-as deprimentes.
A
sopa não era das minhas preferidas, um pouco insossa mas não quero ser
esquisita. O que vem a seguir deixa muito a desejar, com um sabor estranho e
desagradável que não consigo identificar. Pode ser que o pão ajude. Deixo
metade da comida no prato e guardo a fruta para mais tarde. Embora não tenha
gostado, estava cheia, por agora isso chegava-me... Toca a campainha e
preparo-me para a tarde. As segundas são o pior, o tempo não passa, o relógio
nunca avança. Deixo-me percorrer os meus pensamentos outra vez, enquanto
rabisco uma folha e resolvo um ou outro exercício. Mais um toque, e também a
tarde já passou. Recolho as minhas coisas e volto para a biblioteca, a parte
mais agradável do meu dia. Agora sim posso explorar o que me apetecer, o tempo
passa a correr e com muita pena minha tenho de voltar para casa. Continua a
chover e mais uma vez o autocarro está atrasado. Já é de noite quando me sento
e olho pela janela. À medida que a paisagem vai passando sinto-me satisfeita e
calma...
O dia não foi dos melhores, mas
olhar lá para fora, para a escuridão, dá me vontade que chegue um novo dia.
"Amanhã é terça. Odeio terças...".
Joana
Rosa